Faz um tempo que eu queria escrever sobre uma falha minha. Mas vir aqui e falar da minha culpa não faria sentido se eu não tivesse uma resposta pra compartilhar. Vou até escrever no passado, porque quero muito acreditar que isso já ficou pra trás: eu sempre pedia perdão a Deus mil vezes pelas mesmas coisas. E, por incrível que pareça, eu sabia que isso não era um bom sinal.
Muitas vezes, quando eu cometia algum erro que julgava ser grave, eu passava noites e noites, semanas e semanas, orando pela mesma coisa. Mas da última vez que isso aconteceu, eu percebi que estava indo longe demais remoendo coisas que eu já tinha colocado diante de Deus. Demorou, mas eu aprendi. E aqui está a minha conclusão.
Tornar a pedir perdão por pecados já confessados significa:
- Trazer sobre mim uma carga de amargura que eu não preciso ter. As lembranças do pecado me prendem ao que eu fui antes de confessar a Cristo, e não refletem o que sou agora, uma "nova criatura" (1Cor 5:17). Cada vez mais percebo que Jesus prefere pecadores arrependidos a pessoas obcecadas por uma santidade inalcançável (até porque isso geralmente quer dizer religiosidade). Se você der uma olhadinha em 2 Samuel, vai ver quantas vezes o rei Davi fez bobagens. Ainda assim, ele foi chamado de homem segundo o coração de Deus (1Sm 13:14). Sabe por quê? Ele se arrependia de verdade, confessava seus erros e tocava a vida :)
- Deixar aberta uma porta de acusação. Tudo o que o inimigo quer é me diminuir e fazer pensar que eu não sou digna do perdão do Senhor. E é verdade que eu não sou digna. Ninguém merece favor nenhum (Rm 3:23). Mas precisamos lembrar que nossa salvação vem pela graça (Ef 2:8). Quando demonstro não confiar no perdão de Deus, o diabo encontra a oportunidade perfeita pra apontar o dedo e me fazer acreditar que a misericórdia do Senhor não é pra mim. Se eu fecho essa porta, ninguém poderá me acusar (Rm 8:33).
- Não dar espaço para as lembranças que realmente importam. Quando ocupo minha mente com pensamentos de pecados que já foram colocados diante de Deus com arrependimento sincero, eu bloqueio o Espírito Santo de me lembrar da bondade e da graça de Deus. O Senhor não quer dividir a minha mente com lembranças de amargura. Preciso escolher pensar naquilo que me fala sobre quem Deus é, e não em quem eu sou sem ele (Lm 3:21).
- Invalidar o sacrifício de Cristo. Esse é o ponto mais crítico, mas também o mais fácil de entender. Jesus morreu carregando os nossos pecados (Is 53:4-6). Ele mesmo disse "está consumado", ou seja, acabou. O sacrifício foi completo. Cada vez que eu ressuscito meus erros, demonstro não acreditar que o sangue de Jesus foi suficiente para me purificar.
Na última semana, acabei ouvindo novamente uma mensagem sobre esse assunto. E enquanto o pregador falava, eu pensei: cada vez que eu orava a Deus sobre um pecado que eu já havia confessado antes, ele devia sentir uma vontade de virar pra mim e dizer: "Ana, você pensa que eu sou surdo?". Lembrei logo dessa passagem:
A mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar.
Nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir.
Isaías 59:1
Por que é que a gente complica tanto as coisas? Ter o perdão de Deus não é uma questão de sermos "bonzinhos"; ele já pagou o preço pelos meus erros porque me ama. E a receita pro perdão é uma só:
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados,
e nos purificar de toda a injustiça.
1 João 1:9
Se você já confessou com sinceridade o seu erro a Deus, e já pediu a Ele ajuda para não pecar de novo, acredite: sua parte nesse trabalho já terminou. Esquece o passado, porque Ele também já esqueceu.
De novo terás compaixão de nós; pisarás as nossas maldades e atirarás todos
os nossos pecados nas profundezas do mar.
Miqueias 7:19