18 de fev. de 2015

Verifique o endereço

Eu sou uma das poucas pessoas que eu conheço que ainda enviam cartas. Pra mim, há algo especial em sentar-me diante de uma folha ou cartão postal e colocar meus sentimentos ou desejos no papel para alguém que está em meu coração. E que frustração é pra mim quando uma carta não chega! Me lembro de uma vez em que estava em um país distante (pra variar...) e escrevi um cartão para a minha família. Eu estava vivendo dias de descobertas incríveis, e saber que aquele envelope levaria para meus pais e irmãos um pouco do sentimento que eu queria dividir com eles me trazia algum conforto. Acontece que a carta nunca chegou. Às vezes penso no que pode ter acontecido. Ela se perdeu? Alguém a roubou? Será que eu acertei o endereço?

Será que eu acertei o endereço?

Sabe aquelas vezes em que dá tudo certo? O livro de Esdras narra algo assim. Quando ele arregaçou as mangas para reconstruir com o povo de Judá o templo do Senhor em Jerusalém, uma coisa impensavelmente incrível aconteceu. Uma coisa que os livros de História omitiram, mas que o livro da história mais importante do mundo - a Bíblia - conta com clareza: três reis persas (Ciro, Dario e Artaxerxes), nenhum deles sendo servo de Deus, deram carta branca para os judeus prisioneiros na Babilônia não só voltarem para a sua terra, mas também levarem consigo todo o ouro, prata, madeira e animais que precisassem para essa reconstrução.

Ciro falou, "o Senhor me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém". (1:2)
Dario falou, "o que for necessário para a construção, dêem ao povo de Judá todos os dias". (5:9)
Artaxerxes falou, "tudo que se ordenar, prontamente se faça para a Casa do Deus dos céus". (7:23)

Esdras não havia implorado. Nem ele nem os que vieram antes dele. E quando Artaxerxes lhe enviou a carta com sua aprovação, Esdras escreveu a resposta de agradecimento. Mas o remetente não foi o rei. Ele disse:

Bendito seja o Senhor, Deus de nossos pais, que tal inspirou o coração do rei,
para ornarmos a Casa do Senhor, que está em Jerusalém. (7:27)

Esdras não se iludiu com a aparente benevolência do rei que deu permissão à construção do templo. Ele sabia que aquele era um favor não de Artaxerxes, mas do Senhor do Universo através dele. 

Sabe, toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança sem sombra de variação (Tiago 1:7). E como é fácil às vezes esquecer disso e dar crédito a pessoas ou circunstâncias pelos presentes de Deus para nós!

Ao ser bem recebido em uma casa, você certamente não agradece à construtora ou ao fabricante da mobília que você usou ou da comida que comeu pela hospitalidade. Você agradece aos anfitriões. Da mesma forma, não podemos deixar de reconhecer quem verdadeiramente promove tudo o que é bom e de bem em nossas vidas.

Gratidão é beleza e nobreza. Não deixe de manifestá-la a quem merece e está ao seu redor. Mas ao enviar os agradecimentos por aí, não se esqueça do destinatário mais importante: o Pai das luzes.