1 de nov. de 2011

Altares vazios

Sempre gostei de história e, particularmente, da história das civilizações clássicas - Grécia e Roma antigas. Acho incrível o fato de aquelas sociedades terem conquistado tanto domínio apenas com a arma do conhecimento. Eram lugares que prezavam pelas ciências e pela sabedoria, onde as pessoas eram incentivadas a buscarem seu desenvolvimento intelectual e artístico, onde havia lugares de discussão sobre a vida, as relações humanas, os direitos... Imagino a cabeça dos gregos e romanos antigos eferverscendo de conhecimento e de vontade de conhecer mais.

A Bíblia narra uma história que se passou em Atenas, um dos berços da cultura ocidental. A situação aconteceu quando o apóstolo Paulo foi discursar no Areópago - a reunião dos membros da aristocracia ateniense. Ali estavam os homens mais influentes e sábios daquela civilização, gente realmente importante e tratada com privilégios muito particulares. A Bíblia descreve assim:

E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: "Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos. Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio."
Atos 17:22 e 23

A ousadia dessas palavras me fascinou desde a primeira vez que li o texto. Como alguém que sempre admirou tanto aquela cultura, nunca imaginei que um cidadão comum pudesse falar daquele jeito com pessoas tão nobres! Mas não é o modo inteligentíssimo como Paulo falou que se destaca nessa passagem. É a sabedoria inspirada pelo Espírito Santo pra mostrar aos Atenienses uma realidade que eu também entendi: Há, em cada um de nós, um desejo por Deus que só pode ser preenchido pelo próprio Deus.

Mesmo sendo admirados por todo o seu conhecimento, aqueles homens tiveram que admitir que, apesar de todos os seus deuses, ainda havia uma lacuna. No auge da sua sabedoria, eles não se sentiam completos, saciados, inteiros, porque o lugar que pertence a Deus estava vazio na vida daquelas pessoas.

Todos nós somos assim. Temos um altar vazio. Se não encontramos o único que pode preenchê-lo, o único digno de adoração e louvor, passamos o resto de nossas vidas tentando encaixar outras coisas nesse altar. É daí que vêm os pecados mais escravizantes, como a idolatria. Ficamos dependentes de uma adoração irracional, para tentar convencer a nós mesmos de que estamos plenos. Por que será que as pessoas "mudam" tanto de religião? Por que tem gente experimentando de tudo, de qualquer seita? Por que se ouve tanto falar em "força superior"?

Como crentes, nós precisamos enxergar que as pessoas estão gritando, chorando pra que seus altares sejam preenchidos por Deus. Mas elas não sabem disso! E isso precisa mexer conosco, nos angustiar, nos fazer sentir obrigados a mudar essa história. A dar um testemunho tão contundente a respeito do Senhor, que elas percebam que é isso que falta em suas vidas.

Que nosso objetivo seja que fazer com que, na vida dessas pessoas, o Senhor passe a ser um Deus conhecido, adorado, exaltado como Ele merece. O único capaz de preencher nosso vazio.

E deixo vocês com a parte seguinte do discurso inspirador de Paulo...

O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;  nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; e de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação;


Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.


Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens.  Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.